Os Estados Unidos e o Ocidente que se apresentam como detentores de uma civilização superior e paladinos das liberdades têm estado a decepcionar os povos subdesenvolvidos e, africanos em especial, com a inversão de valores. A democracia deixou de ser um conceito unitário de valor universal, convertendo-se num texto subversivo, quando reivindicar a transformação das matérias-primas, em solo de África, para o empoderamento do tecido agro-industrial e soberania económica das antigas colónias. Ditadura, que oprime e assassina os povos, desde que ceda as riquezas ao ocidente é protegida. É democrata servil…
Por William Tonet
Moçambique sangra! O Ocidente fecha os olhos. Pronuncia-se, fingidamente. Os cidadãos europeus e americanos, mesmo em turbulência, continuam a manter os negócios: Good!
Os assassinos estão à solta. Tiros, bombas, gás lacrimogéneo, contra o povo, continuamente, sem defensores institucionais. Mas, no meio de tanta desgraça, emergiu um Sirius: Venâncio Mondlane, a nova estrela no firmamento…
Combatido por uns, adorado por outros, recebeu a faixa presidencial no Palácio Presidencial, da “Ponta dos Sonhos” de milhões de moçambicanos, sedentos de alternância. E, por incrível que pareça, num mar revolto, sem ainda deter o poder material, ele governa, com a legitimidade conferida pelo soberano nas urnas.
Com tenacidade, humildade, irreverência, determinação e compromisso, assume a confiança depositada pelos milhões de votos, não trai, os povos e não vira costas à luta. Mais, com toda teia de intrigas e contra – informação, resguarda-se. Não se envolve em reles querelas, por entender não ser hora de divisão.
É hora de Moçambique e de todos seus filhos, independente da raça, tribo, origem, língua e cultura, unirem-se, porque o espectro da divisão é uma das armas mais mortíferas da ditadura, que sufoca a luta pela liberdade…
Negro, branco, mulato nada ganham se estiverem em briga, pois nesta hora, quem beneficia e sai vencedor, numa estéril disputa destes campos é a ditadura.
A maioria, em Moçambique, nunca mudará de campo, tal como as minorias, mas podem, harmoniosa e pacificamente, coabitar, irmanando ideias e projectos para a construção de um país mais plural e equitativo na distribuição das riquezas e oportunidades para todos.
O negacionismo da FRELIMO contesta, que a força dos povos atirados à fome e miséria, ao longo de cinco décadas, tenha sido capaz de catapultar, um quase desconhecido, PODEMOS (partido político) e um líder, considerado sem base social de apoio significativo (Venâncio Mondlane), os pudesse derrotar.
Fizeram-no, com galhardia, sem armas e milhões de dólares para corrupção!
Afinal, cresceu a consciência popular, exigindo um passar de testemunho a uma nova liderança capaz de administrar a partir de 1.º de Janeiro de 2025, um Moçambique mais humanista.
E a FRELIMO tem consciência que PERDEU! Mas como ainda tem arsenal bélico, um considerável número de militares e polícias, sem consciência republicana, recorre à lei da força das armas, para assassinar a cidadania e a vontade expressa nas urnas.
E nisso conta, também, com tentáculos jurídico-políticos, que deveriam ser escravos da transparência e do direito; a CNE (Comissão Nacional Eleitoral) e o Conselho Constitucional, para blindar a fraude, com “a lógica da batata, na lei da batota”, impondo, uma vez mais, os cidadãos a submeterem-se a uma minoria de nababos, que desalmadamente, detém os milhões de dólares, dos milhões de moçambicanos que definham a fome.
E, neste contexto, havendo uma liderança popular, sem armas, sem meios de comunicação social de longo espectro electromagnético, que pela primeira vez enfrenta um “monstro”, não podem os amantes da liberdade, apunhalar-se entre si. É preciso convergirem ideias para uma nova cultura política de que Moçambique e Angola, tanto, carece.
A negação da derrota, mesmo diante de um orçamento secreto, que desequilibrou as contas públicas, são a razão de tanta histeria extremista e fascistas das hostes mais radicais da FRELIMO, que não dão espaço aos moderados internos.
Eles não aceitam que as toneladas de propaganda, a compra de consciências, não tenham conseguido poupá-los de uma estrondosa derrota, aos pés de um Venâncio, que hasteou, apenas um discurso dos descamisados, discriminados, desempregados, pobres e miseráveis, cujo dicionário, não tem perfume de engano.
Este foi o factor central para o crescimento do candidato do povo, que arrebatou uma estrondosa e surpreendente vitória. Mas na contabilidade das lágrimas, muitos da oposição, se juntam ao partido do regime, pois jamais acreditaram, que ele fosse capaz de suplantar as lideranças da RENAMO e do MDM.
Vista a situação neste prisma, não foi VM7, que os derrotou, foi a maioria dos eleitores, que se fartou de um jogo, onde alguns opositores, desistem da defesa das liberdades, por dá cá aquela palha. Logo a FRELIMO teve parceiros da oposição na derrota.
Daí colocar blindados, bombas e várias brigadas policiais, a cercar o “palácio” domiciliar do vencedor de 07 de Outubro. Mas este, não se intimida, não resigna, não aceita os milhões de dólares, para trair Moçambique e os moçambicanos, tão pouco entrar num pacto de silêncio (negociações), cujo epílogo seja abandonar a luta e os eleitores, aceitando a não contabilidade das actas e editais…
Até agora, mantém-se firme, resiliente, interagindo, diariamente, com os cidadãos, a partir do seu barato aparelho celular, que irradia mensagens, pelas “ondas hertzianas” das redes sociais. E o povo, sedento de mensagens de esperança, acata as sugestões e orientações para a estratégia da resistência, marchando para o horizonte da liberdade.
A LÓGICA DA BATATA NA LEI DA BATOTA
O regime da FRELIMO está, pela primeira vez, desde 1975, a tremer pelas varas e, só ainda, não caiu de podre, por contar com a cínica e dúbia protecção dos ocidentais, que pelas matérias-primas, mandam bugiar o sonho de Moçambique ser um país transformador e soberano, economicamente.
Mas, qualquer que seja o desfecho final, Venâncio mudou, completamente, o curso das águas dos rios, que vão desaguar no Oceano Índico. Nada mais será igual. Os jovens, que estão a pagar com a própria vida este sacrifício, jamais o consentirão, por isso marcham em direcção a Maputo, para a conta dos quatro milhões a gritar, no dia 07.11: Liberdade, Transparência, Alternância, Democracia…
Vejamos o roteiro.
07 de Outubro de 2024, a transparência e o respeito à soberania popular, foram assassinadas, pela máquina fascista da fraude e batota eleitoral. Um bispo anglicano, Dom Carlos Matsinhe será, para todo o sempre apontado como um, senão o maior dos “assassinos” (sendo alto clero), do sonho da maioria dos povos moçambicanos, ao pactuar com a fraude e batota eleitoral, conscientemente.
21 de Outubro, o povo indignado, respondeu ao primeiro chamamento de Venâncio e saiu às ruas, pacificamente, sem armas, para defender o seu voto. O VOTO de consciência! O VOTO ROUBADO! Entretanto a máquina do regime, ripostou com violência, selvajaria e assassinatos, mais de 12 mortos, 300 feridos e 500 presos.
No mesmo dia, o presidente legitimamente eleito, sofreu uma tentativa de homicídio, por parte da Polícia da República da FRELIMO, ao disparar na sua direcção balas reais e gás lacrimogéneo. Correu. Abrigou-se. Salvou-se. É mais um acto criminoso, à luz da constituição e lei penal (cerca de uma dezena de assassinados).
31 de Outubro, arrancou a grande MARCHA PARA MAPUTO, jovens de todas províncias caminham em direcção à capital. Houve, segundo dados 2 mortos: Tete e Nampula.
As balas e armas assassinas, são da União Europeia e Estados Unidos, logo cúmplices da barbárie, em troca do contínuo roubo dos minerais, petróleo, gás, madeiras, peixes, etc., dos povos moçambicanos, cada vez mais pobres. Eles comem camarão de Moçambique, por cá deixam as cascas…
Em situações como estas, Santo Agostinho dizia: “O estado nada mais é que um ‘grande bando de ladrões’, uma máfia. Só que muito maior, mais opressiva e mais perigosa”.
A actuação do Executivo de Moçambique, parece não fugir muito a este deplorável enquadramento.
Por isso, caem lágrimas no rosto das singulares, maternidades da vida, vendo o sonho de milhões dos seus filhos, serem espoliados por agentes assassinos, em nome da FRELIMO, que silenciosa, não se indigna, nem condena a barbárie, por acreditar, piamente, ser o país sua coutada particular…
Não é. Os povos disseram basta, ao colonialismo negro e a ditadura, que tem medo de contar os votos, mas diz que ganhou.
Angola, ontem (Agosto 2022) e Moçambique, hoje (Outubro 2024) vive(m) um verdadeiro calvário da brutalidade político-policial de partidos, cujos métodos têm sido comparados as mãos cruéis e abjectas máfias criminosas mundiais.
É hora dos anciãos do “MPLA de Moçambique” (Frelimo): tentarem resgatar a sua história, limpando com lixívia a actual imagem. A “FRELIMO de Angola” (MPLA) exige-se-lhe o mesmo!